De repente, essa imagem idílica foi substituída pelo caos: ferro retorcido, vítimas de várias nacionalidades, notícias a circular em todos os continentes. Famílias viram-se inesperadamente atingidas por uma tragédia em plena viagem que deveria ser de descoberta e encanto. Lisboa tornou-se cenário de dor, quando deveria ser palco de memórias felizes.
Foi, sem dúvida, um dos maiores impactos mediáticos de Lisboa na última década e infelizmente pelos piores motivos. O acidente expôs não apenas fragilidades na manutenção, mas também um problema mais profundo: ruas sujas, muros pintados com “tags”, e a sensação de uma cidade que deixa os seus símbolos ao abandono. A marca Lisboa, tão trabalhada ao longo dos anos, sofreu um duro golpe.
E aqui entra o papel do marketing territorial: mais do que slogans ou campanhas promocionais, trata-se de uma estratégia de reconstrução de confiança. Lisboa precisa de comunicar segurança, cuidado e humanidade. O respeito pelas vítimas deve ser o primeiro passo – com homenagens, gestos de solidariedade e medidas de apoio – seguido pela recuperação da confiança de quem visita.
Não basta reparar o elevador, é essencial reposicionar o ícone.
Uma resposta visionária poderia passar pela instalação de uma nova carruagem, equipada com a mais alta tecnologia, eficiência energética e design capaz de homenagear a tradição, mas projetando a cidade para o futuro. Ao mesmo tempo, é crucial recuperar os espaços envolventes, limpar, preservar e dar ao visitante a sensação de que Lisboa respeita o seu património e cuida da sua imagem.
O Elevador da Glória descarrilou, mas a marca Lisboa não precisa de sair dos trilhos. O acidente é uma ferida aberta, marcada por vítimas inocentes, mas também pode ser o ponto de viragem para repensar como queremos que o mundo nos veja. Entre a tragédia e a esperança, está a oportunidade de mostrar que Lisboa sabe cuidar das pessoas e dos seus símbolos, projetando-se, com dignidade, para o futuro.
















