IA em marcha: o design que sobrevive é o que pensa

Nos últimos tempos, tenho acompanhado — e sentido na pele — a forma como a inteligência artificial está a transformar profundamente o setor criativo, em particular o design e o web design. A mudança é real, visível e, por vezes, brutal. Muitas agências já reduziram equipas. Freelancers perdem trabalhos que antes eram certos. E a pergunta impõe-se: como reagir?

It’s a machine’s world
Don’t tell me I ain’t got no soul
When the machines take over
It ain’t no place for rock ‘n’ roll
They tell me I don’t care
But deep inside, I’m just a man”


Queen, “Machines (Back to Humans)”

A revolução já não é uma previsão, é o presente

Com ferramentas como o ChatGPT, Figma AI, Midjourney, Webflow AI ou Canva Pro, tarefas que antes levavam dias passam a ser feitas em minutos — com uma qualidade que, para muitos clientes, já é “suficiente”. Isso tem impacto direto na estrutura das agências e na procura por serviços de design mais operacionais.

Mas há uma diferença que ainda não se copia: o pensamento

Apesar disso, acredito — e a minha experiência como designer e consultor de comunicação confirma — que os projetos com alma, com propósito, com visão estratégica, continuam a exigir algo que a IA ainda não tem: intenção e contexto. A IA gera, simula, combina. Mas não pensa criticamente. Não sente. Não comunica com sensibilidade.

É por isso que o verdadeiro valor do designer está a deslocar-se da execução para o pensamento. O que conta agora é a capacidade de fazer curadoria, pensar marcas de forma autêntica, cruzar cultura com identidade visual, e transformar tudo isso em experiências que criem ligação.

O futuro é de quem souber pensar — e adaptar

Acredito que o futuro será dominado por criativos híbridos: pessoas que dominam as ferramentas de IA, mas que as usam como extensão do cérebro e não como substituição do processo. Pessoas que unem estética, estratégia e tecnologia — e que sabem quando parar para ouvir, observar e sentir.

No citymarketing.pt, continuamos a apostar nesta visão. Não desenhamos apenas marcas — ajudamos territórios, empresas e ideias a encontrar o seu lugar no mundo. Com inteligência, sim. Mas, acima de tudo, com propósito.

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Sérgio Marques, especialista em Design Gráfico, Branding e Marketing Territorial

Sérgio Marques

Sérgio Marques possui mestrado em Gestão do Território e Urbanismo pela Universidade de Lisboa (IGOT), com uma dissertação na área de Marketing Territorial. Ao longo da sua carreira, adquiriu uma vasta experiência no desenvolvimento de projetos nas áreas de consultoria de marketing e design gráfico, tanto no setor privado como na administração pública. Trabalhou com o IVDP (Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto), o IGAC (Inspeção Geral das Atividades Culturais) e desenvolveu o emblema e identidade visual do CD Santa Clara dos Açores, além de ter colaborado com o Centro Nacional de Cultura. A sua abordagem estratégica alia criatividade e funcionalidade, refletindo-se em identidades visuais, campanhas de marketing e soluções de design que contribuem para a promoção e valorização de territórios e marcas. Além da sua experiência em marketing e design, Sérgio também é artista plástico, tendo participado em diversas exposições e bienais, e possui o curso de pintura nível III da Sociedade Nacional de Belas Artes. A sua paixão pelo design e pelas artes é uma extensão natural da sua visão, procurando sempre criar peças que unam estética e propósito.

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